Na Sorbonne, o professor Paul Vidal de la Blache/a> (Geografia)]. Coberto de livros, de atlas, de rascunhos de artigos, seu escritório comporta também, como observado, cadernos de campo./span>/div> /td> /tr> /tbody> /table> /div> Tendo ensinado geografia durante vinte anos para a elite normaliana e depois na Sorbonne (1898), Vidal de la Blache maturou lentamente junto a seus estudantes uma ciência inspirada na geografia alemã e em contato com as ciências naturais: a botânica, a geologia e sobretudo a ecologia então nascente na Europa e nos Estados Unidos. Dessas disciplinas, ele tomou emprestada a prática do trabalho de campo. E o campo era, como mostram os cadernos, a fonte de vida de sua atividade geográfica; ele lhe fornecia o que ele chamava de “linhas da vida”. As viagens ritmavam sua existência. Ele se deslocava frequentemente sozinho, observando, perguntando, desenhando, saboreando os lugares e a travessia dos espaços, mas, como um intelectual viajante, sempre com a preocupação de um programa de renovação da geografia./span>/p> /p>
Os cadernos completam um arquivo vidaliano composto de notas e rascunhos, bem como de obras e publicações avulsas, relacionado ou não ao legado de Vidal de la Blache que se encontra no Instituto de Geografia, e que pode ainda ser inventariado. Eles se inscrevem em um fundo de arquivos associado à geografia clássica (cf. Joseph, Robic, 1987: fundo Louis Raveneau, Emmanuel de Martonne, do qual é uma coleção de cadernos de croquis) e em um conjunto contemporâneo em processo de crescimento (fundo Jacqueline Beaujeu-Garnier, fundo Gentelle etc.) que participam da coleta de fontes da história da Universidade de Paris pela Biblioteca Interuniversitária./span>/p>
O corpus das fontes
Trata-se de um conjunto de 33 cadernos, no total, atribuídos a Vidal de la Blache, que foram numerados seguindo rigidamente a cronologia. Este trabalho de inventariação foi feito entre os anos de 1983 e 2018 (cf. Para ir além, Quadro de correspondências). Essas brochuras de mais ou menos 14 cm × 9 cm, na maior parte dotadas de um porta-lápis, são todas suficientemente pequenas e sólidas para serem enfiadas no bolso. Porém, a variedade é regra (cf. Para ir além, Descrição material): nenhum caderno é perfeitamente igual ao outro.
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O caderno [9] e o caderno [27] comportam um certo número de croquis. Constatamos que, com o passar dos anos, Vidal de la Blache utilizou cada vez mais os cadernos sem pauta, mais propícios ao desenho. |
O corpus contém ainda pequenos conjuntos seriados. É o caso de um conjunto de cadernetas de capa marrom que Vidal de la Blache numerou e etiquetou para detalhar o lugar visitado: tratava-se manifestadamente de uma preparação para a campanha de pesquisas que ele empreendeu a partir de 1888, após ter assinado o contrato para o Tableau de la France, destinado a abrir a Histoire de France, de Ernest Lavisse. Alguns exemplares mais tardios se caracterizam pelo tamanho grande e pelo formato italiano: Vidal os utilizou notadamente em suas viagens fora da França metropolitana e, ao que parece, principalmente para exercitar o gosto pelo desenho de paisagens.
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Calendário sumário das viagens de Vidal de la Blache evocadas ou registradas em seus cadernos. |
Esses cadernos acompanharam Vidal em seus périplos por Atenas e nas viagens longas, bem como nas saídas semanais que aconteceriam uma vez iniciado seu programa de geógrafo, no começo de sua carreira universitária em Nancy (1872). O calendário de seus deslocamentos mostra a regularidade das excursões ao longo de sua vida ativa, ritmada pelo “tempo dos cursos” e pelo das férias: “o tempo dos percursos”.
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Retrato de Paul Vidal de la Blache feito por Fernand Cormon (1845-1924). No momento de seu deslocamento ao tricentenário de Champlain, ou do seu retorno, Cormon fez o retrato de cada personalidade da delegação francesa. |
Esses cadernos mostram, também, aquilo que está por trás da obra publicada. O corpus compreende, no essencial, cadernos de viagem e de trabalho, com suas descrições, entrevistas, anotações de museus e de exposições, seus rascunhos de conferências ou de artigos e seus esboços de planos de obras em curso, aos quais se juntam alguns cadernos de trabalho e outros mais especializados.
O corpus certamente tem algumas lacunas, como o primeiro ano na Escola de Atenas (1867), talvez os anos de seu retorno à França, bem como os da preparação de sua tese, período em parte passado em Paris, durante a Guerra Franco-Prussiana e a Comuna de Paris. Muito provavelmente faltam os cadernos que ele deve ter utilizado em sua segunda viagem à América do Norte (abril-maio de 1912), na qual ele representou a universidade francesa no âmbito da Missão Champlain, que comemorava, ao lado de comitês americanos, o aniversário da “descoberta”, por Samuel Champlain, do lago que leva seu nome (Cf. Para ir mais longe, Sinopse geral).